Método do apego: “Não se trata de vivermos a dor dos nossos pacientes, mas sim colocarmo-nos no lugar deles”
A médica veterinária Cátia Mota e Sá trouxe o método do apego − termo por ela criado − às Conferências Veterinária Atual, realizadas no passado dia 30 de setembro, na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa (FMV-UL). Fique com as principais considerações desta apresentação que pretendeu alertar para o bem-estar na medicina da dor.
Cátia Mota e Sá, médica veterinária e responsável técnica pelo serviço de Dor e Reabilitação do Grupo Veterinário Oliveiras foi a primeira oradora das Conferências Veterinária Atual “Improving animal and professional welfare” e deu a conhecer o método do apego e o seu funcionamento. “Consiste em fazer uso da empatia que é a nossa capacidade de nos colocarmos no lugar do outro. Quando um tutor que vê o animal como mais um elemento da família cria barreiras na perceção da dor.” No entanto, não se deve confundir esta empatia com compaixão. “Não se trata de vivermos a dor dos nossos pacientes, mas sim colocarmo-nos no lugar deles e perceber como nos sentiríamos.”
Existem três pilares fundamentais neste método: a antecipação, que permite “identificar todos os pontos críticos e potenciais riscos de dor, a prevenção que consiste em mover ações e diligências no sentido de prevenir a dor e a gestão pois, quando não é possível prevenir a dor, temos de saber geri-la de uma forma adequada”. Cátia Mota e Sá defendeu que é fácil explicar ao tutor que quando o animal tem dor, existem consequências motoras, mas também componentes que não se conseguem explicar, como o comprometimento cognitivo e a componente emocional.
Tal como em outras áreas da veterinária, uma medicina com mais apego requer um envolvimento multidisciplinar. “O método do apego é uma filosofia e uma forma de estar e a sua prática depende de todos – equipas médicas, enfermagem e auxiliares – incluindo detentores.” Os últimos podem ajudar na prática clínica ao identificar os pontos críticos e a aplicar todas as estratégias necessárias para reduzir o risco potencial e real da dor.